sábado, 13 de setembro de 2014

Mais coerência por favor!

Tenho tentado me manter distante das “discussões” propostas pelas redes sociais, até porque aprendi com a experiência o que meu professor Milton Bins falou na primeira aula da faculdade que assisti,  numa segunda de tarde, lá no ciclo básico da UFRGS, Introdução à Sociologia, ele nos questionou, “o que vocês querem com Sociologia? Vocês estão loucos, vocês vão se tornar os esquisitos da família, vão dizer que vocês são arrogantes, vocês não vão mais aceitar as explicações fáceis sobre as coisas, vão querer aprofundar as discussões, vão  perder a paciência com frases feitas, isso é complicado”, e olha que quem o conheceu sabe que ele era o que de conservador tinha no IFCH, assim como muitos outros... Na época não entendi o significado daquilo que falava em tom irônico, com o passar do tempo passou a fazer sentido, lutar contra o senso comum é penoso, fazer a contra hegemonia  é uma função social, é papel do sociólogo, mas na discussão simplificada, nossas falas sempre são descaracterizadas por nossas posições ideológicas, sim, devemos ser neutros como cientistas sociais, mas somos também cidadãos, e sabemos como dizia Marx que “Não é a consciência dos homens que determina o seu ser, mas, ao contrário, é o seu ser social que determina a sua consciência”, isso é claro para mim, mas serve para aqueles que não têm argumentos descaracterizar o nosso (nesse quesito lanço o desafio de que alguém afirme que nos últimos dez anos tenha me visto com outra bandeira que não seja a da minha categoria, a do meu sindicato). Por isso aprendi que observar é mais sábio que “palpitar”.   
No entanto hoje estou num dia de “chutar o balde”, sei que não deveria entrar em discussões de redes sociais, Peninha (Eduardo Bueno) disse que não entra em rede social porque não ia aguentar ver tanta bobagem sendo postada e que ia acabar se posicionando e não ia dar certo porque não discute com quem não leu mais sobre o assunto do que ele. Faz sentido...
Vamos lá, as pessoas tem o direito de não concordar e não gostar de um governo manifeste-se nas urnas, ou pelo menos de maneira respeitosa, senão por educação, mas pela história que a pessoa construiu. Mas utilizar as redes sociais para reproduzir inverdades ou verdades parciais, achincalhar autoridades a bel prazer não é inteligente.
As mesmas pessoas que execraram a menina por injúrias raciais no estádio, acham “normal” achincalhar a chefe de Estado num estádio lotado e com transmissão para todo o mundo, nem falo das vaias, mas “hei Dilma vai tomar...” , isso pode???
 Lazier processou os rapazes pela brincadeira “de mau gosto” na Expointer, e Dilma o que fez? Lazier estava na posição de candidato, está na chuva é pra se molhar, mas Dilma estava num evento oficial, como chefe de Estado, não como candidata. Ora, um pouco de noção povo brasileiro!
As mesmas pessoas que postam coisas desrespeitosas contra Dilma ou Lula postam fotos com a chave da casa nova dizendo “sonho realizado”, minha casa minha vida querem, estudam com FIES, usufruem do ciência sem fronteiras, etc, um pouco de coerência por favor!
Já outros,...bem são tão desacreditados na “praça”, os tais “gangorras” que ninguém fica sentado perto de tão chatos que são, postam coisas grosseiras contra Dilma ou Lula,  que na verdade  estão fazendo um favor... é propaganda a favor e se for ver, o filho está usufruindo de bolsa, viagem ao exterior, etc fruto de programas sociais desse governo tão horroroso, menos gente, bem menos!


domingo, 12 de maio de 2013


ELIO GASPARI
Brava gente, a brasileira
Dados do Bolsa Família e da política de cotas ensinam o andar de cima a olhar direito para o de baixo
Atribui-se ao professor San Tiago Dantas (1911-1964) uma frase segundo a qual "a Índia tem uma grande elite e um povo de bosta, o Brasil tem um grande povo e uma elite de bosta". Nas últimas semanas divulgaram-se duas estatísticas que ilustram o qualificativo que ele deu ao seu povo.
A primeira, revelada pelo repórter Demétrio Weber: Em uma década, o programa Bolsa Família beneficiou 50 milhões de brasileiros que vivem em 13,8 milhões de domicílios com renda inferior a R$ 140 mensais por pessoa. Nesse período, 1,69 milhão de famílias dispensaram espontaneamente o benefício de pelo menos R$ 31 mensais. Isso aconteceu porque passaram a ganhar mais, porque diminuiu o número da familiares, ou sabe-se lá por qual motivo. O fato é que de cada 100 famílias amparadas, 12 foram à prefeitura e informaram que não precisavam mais do dinheiro.
A ideia segundo a qual pobre quer moleza deriva de uma má opinião que se tem dele. É a demofobia. Quando o andar de cima vai ao BNDES pegar dinheiro a juros camaradas, estimula o progresso. Quando o de baixo vai ao varejão comprar forno de micro-ondas a juros de mercado, estimula a inadimplência.
Há fraudes no Bolsa Família? Sem dúvida, mas 12% de devoluções voluntárias de cheques da Viúva é um índice capaz de lustrar qualquer sociedade. Isso numa terra onde estima-se que a sonegação de impostos chegue a R$ 261 bilhões, ou 9% do PIB. O Bolsa Família custa R$ 21 bilhões, ou 0,49% do produto interno.
A segunda estatística foi revelada pela repórter Érica Fraga: um estudo dos pesquisadores Fábio Waltenberg e Márcia de Carvalho, da Universidade Federal Fluminense, mostrou que num universo de 168 mil alunos que concluíram treze cursos em 2008, as notas dos jovens beneficiados pela política de cotas ficaram, na média, 10% abaixo daquelas obtidas pelos não cotistas. Ou seja, o não cotista terminou o curso com 6 e o outro, com 5,4. Atire a primeira pedra quem acha que seu filho fracassou porque foi aprovado com uma nota 10% inferior à da média da turma. Olhando-se para o desempenho de 2008 de todos os alunos de quatro cursos de engenharia de grandes universidades públicas, encontra-se uma variação de 8% entre a primeira e a quarta.
Para uma política demonizada como um fator de diluição do mérito no ensino universitário, esse resultado comprova seu êxito. Sobretudo porque dava-se de barato que muitos cotistas sequer conseguiriam se diplomar. Pior: abandonariam os cursos. Outra pesquisa apurou que a evasão dos cotistas é inferior à dos não cotistas. Segundo o MEC, nos números do desempenho de 2011, não existe diferença estatística na evasão e a distância do desempenho caiu para 3%. Nesse caso, um jovem diplomou-se com 6 e o outro, com 5,7, mas deixa pra lá.
As cotas estimulariam o ódio racial. Dez anos depois, ele continua onde sempre esteve. Assim como a abolição da escravatura levaria os negros ao ócio e ao vício, o Bolsa Família levaria os pobres à vadiagem e à dependência. Não aconteceu nem uma coisa nem outra.
Admita-se que a frase atribuída a San Tiago Dantas seja apócrifa. Em 1985, Tancredo Neves morreu sem fazer seu memorável discurso de posse. Vale lembrá-lo: "Nosso progresso político deveu-se mais à força reivindicadora dos homens do povo do que à consciência das elites. Elas, quase sempre, foram empurradas".

domingo, 6 de maio de 2012


Promessa de campanha

JUREMIR MACHADO DA SILVA

Escrevi ontem sobre o piso do magistério. Recebi uma enxurrada de e-mails, que podem ser divididos em três categorias: mensagens de professores indignados com o governador Tarso Genro, recados de petistas tentando provar que Tarso faz diferente de Yeda e, por fim, comentários da atual oposição exultando com as contradições do PT. Não me entusiasmo com elogios de quem critica hoje exatamente aquilo que fazia ontem. A oposição não tem moral para deitar e rolar. Só está fazendo jogo político. Não me abalo com as críticas furiosas de petistas, pois também eles só fizeram jogo político partidário quando detonaram as propostas de Yeda para o magistério. Ganharam a eleição em cima disso.

Na época da campanha, os petistas que atacavam Yeda Crusius não falavam em mudança de índice reajuste. Era pagar ou pagar. Se Yeda não o fazia era por pura falta de vontade. Era uma encenação para conquistar eleitores. Contavam, vencido o pleito, com a cumplicidade do Cpers, que deveria aceitar aumentos razoáveis e não cobrar o cumprimento da lei. Uma lei, diga-se de passagem, aprovada em cima da perna. O projeto do Tarso Genro teve o índice de reajuste mudado pelos parlamentares. Lula sancionou assim mesmo e mandou, no dia seguinte, o que soa bizarro, outro projeto para alterar esse mecanismo. Os deputados sentaram-se em cima da proposta, que continua engavetada. Todos esses detalhes não eram trazidos à baila quando se tratava de queimar Yeda em troca dos votos dos professores. Tarso prometeu pagar o piso durante o seu mandato, mas jamais explicou que para isso contava com a tal mudança do índice de reajuste.

O governo acertou um abono com o Ministério Público, respaldado pela Justiça. É um pessoal que ganha auxílio-moradia, mesmo sem sair de casa, e quer chamar isso de "parcela autônoma de equivalência". Por que o governador não descumpriu essa "lei", não repassando o dinheiro, em lugar da lei do piso do magistério? O governo destaca a qualidade das suas propostas para os professores. A verdade é que não lhe cabe fazer propostas, mas cumprir a lei. Alguém faz proposta abaixo do salário mínimo nacional? Não. Estamos na ilegalidade total. A Assembleia Legislativa aprovou reajuste do salário dos professores abaixo do estabelecido por lei federal. Até uma criança sente cheiro de inconstitucionalidade nisso. O Ministério Público aceita acordo com o governo, sem aval dos interessados, permitindo o descumprimento temporário da legislação nacional em vigor. Nem em Palomas isso ocorre.

O que está sendo discutido na Justiça? A questão do piso foi ao STF, que sacramentou tudo: o piso é o básico. A lei é constitucional. Não há o que contestar. O índice de reajuste, que consta na lei, é alto demais? Só há um caminho para mudá-lo: o Congresso Nacional. Basta votar outra lei. A oposição fala em estelionato eleitoral. Não se deve levar a sério o roto falando do descosido. Eu queria tanto ser engraçado hoje. O piso só me faz ter vontade de chorar. Estou cada vez mais piegas. Por outro lado, meu coração se endurece com todos os governos.

JUREMIR MACHADO DA SILVA é professor, escritor e jornalista

*Artigo publicado originalmente no jornal Correio do Povo, edição do dia 03 de maio de 2012

Piso e abonos

 JUREMIR MACHADO DA SILVA

 Em se tratando de pagamento do piso do magistério, faço parte dos que só querem entender a diferença entre o proposto pela equipe de Yeda Crusius e o defendido pelo time de Tarso Genro. Yeda entrou na Justiça. Tarso também. Yeda não queria pagar o piso como básico. Tarso também não quer. Salvo se mudar o índice de reajuste. Yeda propôs um abono que fixaria o menor valor recebido por um professor em R$ 1.500,00. Tarso, seguindo o atual valor do piso, propõe um abono que eleva o menor salário percebido a R$ 1.451,00. O abono de Yeda incidia sobre a totalidade dos ganhos, o de Tarso sobre o básico. Yeda não queria negociar com o Cpers. Tarso está negociando com o Ministério Público. Yeda recusava o índice de reajuste do piso pelo custo-aluno Fundeb. Tarso também. Yeda queria mexer no plano de carreira. Tarso, na prática, está fazendo isso, sem precisar da Assembleia Legislativa. Se a sua proposta passar, os professores de nível 1, com ensino médio, receberão o mesmo que os de nível 5, com ensino superior. É o chamado achatamento. Onde estão as diferenças? Os defensores do atual governo sustentam que Tarso quer pagar o piso, mas, nos moldes da lei federal, não tem recursos para isso, enquanto Yeda simplesmente era contra e não queria pagar por considerá-lo inconstitucional. Os críticos do governo reagem dizendo que tudo aquilo que foi detonado quando proposto por Yeda agora é legitimado ao ser anunciado por Tarso. A grande diferença entre os dois governos estaria na "judicialização" ou não do problema. Yeda foi ao STF. Ao assumir, Tarso quis tirar o Rio Grande do Sul da ação que tramitava em Brasília. Mais tarde, foi à Justiça por conta própria. Surge uma nova diferença: Yeda teria pretendido uma alteração definitiva do plano de carreira e um achatamento salarial permanente. Tarso estaria propondo algo provisório, à espera da Justiça. O Cpers rejeitou os avanços de Yeda. Faz o mesmo com Tarso. Não pode mais ser acusado de partidarismo ou de petismo. Como fica o observador externo? Tenta compreender. Há aumento salarial com Tarso. Até o final do mandato seriam 40%. Mesmo assim, abaixo da lei. Os yedistas rotulavam o Cpers de radical. Quem faz isso hoje é o PT. A oposição atual, situação de ontem, passou a defender o pagamento integral do mesmo piso que considerava inviável. A situação atual, oposição de ontem, passou a considerar inviável o pagamento integral do mesmo piso que defendia ontem. Se o abono de Tarso emplacar, o PT dirá que está pagando o piso (ninguém recebendo abaixo dele). Vai contrariar o STF, para quem o piso é o básico sobre o qual incidem as vantagens, e confundir cabeças. Dirá: que importa, se os professores recebem mais? Era o que dizia Yeda em favor do abono trucidado pelo petismo. Outra diferença: Yeda não queria pagar o piso, que não era ideia dela. Tarso deveria pagá-lo por ser o pai da criança. O peixe morre pela boca. O PT paga por prometer o que não sabia se poderia cumprir, talvez imaginando que o STF declararia o piso inconstitucional ou que o índice, muito alto, seria mudado. Os yedistas me detestavam por causa do piso. Os tarsistas começam a torcer o nariz para mim. Meu destino é ser odiado. JUREMIR MACHADO DA SILVA é professor, jornalista e escritor * Artigo originalmente publicado no jornal Correio do Povo, edição do dia 02 de maio de 2012

sábado, 28 de abril de 2012

PISO NÃO É TETO!!! Mais uma manobra do Governo TARSO tenta confundir a opinião pública e dividir a categoria! Ao dar completivo de salário aos professores que não recebem o piso de R$ 1.451,00, confunde a própria categoria, então vamos lá: só receberá o completivo aquele colega que não tem ainda o vencimento básico de R$1.451,00 por 40 h, ou seja, apenas em torno de 20 mil colegas! Você, que como eu, está na classe A e nível 6 recebe hoje R$ 791,08 por 20h, o que em quarenta horas significa R$ 1.582,16, logo, não será atingido pelo completivo! Ficou feliz por constatar que já recebe o piso? Pense bem, se a lei do piso estivesse sendo aplicada no RS você estaria recebendo de básico(início de carreira) R$ 2.902,00, portanto quase o dobro do que recebe hoje!!! Você continua feliz??? Esse completivo na verdade achata a diferença que há entre os níveis, portanto, você que tem qualificação está em desvantagem em relação aos que não tem! Portanto, essa manobra desrespeita nosso plano de carreira, porque PISO NÃO É TETO!!!